ENTREVISTA – Pedrão: "Eu não tinha expectativa nenhuma de ser jogador de futebol”

*Colaboração Ruben Fontes Neto

Pedrão, na sala de imprensa
da Arena Barueri

Christiano Florêncio da Silva. Com este nome, ele não passa de um desconhecido. Mas, se falarmos que é o Pedrão do Barueri, dificilmente alguém que gosta de futebol não vai ligar o nome (neste caso, o apelido) à pessoa.

O apelido saiu de um acidente enquanto jogava bola em Jaboticabal, sua cidade natal. O então menino de sete anos foi atropelado por uma caminhonete de entrega de gás. O nome da empresa que fazia as entregas? Pedrão.

Maior artilheiro (138 gols) e ídolo da história do Barueri, Pedrão chegou em 2004, quando o clube estava na quarta divisão estadual e chegar à elite era um sonho. Ficou até 2006, após a conquista da Série A2 e o início da Série C do Brasileiro. Acabou emprestado para Portuguesa e Ulsan Hyundai, da Coréia do Sul, e voltou em 2008.

No ano seguinte, foi artilheiro do Paulistão 2009 com 16 gols. No mesmo ano, Pedrão teve a chance de ser artilheiro do Brasileiro, mas quando liderava a disputa com seis gols em oito jogos acabou se tranferindo para o Al Shabab, da Arábia Saudita.

Após voltar ao Brasil, em 2010, rodou por São Caetano, Goiás, Linense e Vitória, sem repetir o sucesso que teve em Barueri. Acertou seu retorno para a cidade, em maio, juntamente com o clube que havia se mudado para Presidente Prudente e estava de volta.

O Lado B SP entrevistou o atacante, que conta sobre seu início de carreira, a chegada ao Grêmio Barueri, os principais momentos e alegrias, e, a atual fase do clube, que briga contra o rebaixamento na Série B.


LADO B SP: O seu primeiro clube foi à vitrine para a sua carreira?

PEDRÃO: Apesar de ter jogado 6 anos no Jaboticabal, não tive muita alegria, devido ser interior e sempre ter disputado a Série A3 do Campeonato Paulista. A vitrine para o futebol brasileiro foi aqui no Barueri, a partir de 2004.

LADO B SP: Como foi a sua chegada no Grêmio Barueri?

Equipe do Barueri, campeã da Série A2 em 2006.
Pedrão, o primeiro agachado da direita pra esquerda
Ao fundo, antigas arquibancadas do Municipal da Vila Porto,
que no ano seguinte viraria a Arena Barueri.

P: A minha chegada foi muito boa, porque quando cheguei aqui o time estava na Série A3 do campeonato, e a gente foi Campeão da série A3 em 2005, A2 em 2006, subimos para a série A do Paulista, da Série C subimos para a B, então fizemos um bom campeonato aqui.


LADO B SP: Qual o principal momento que você teve aqui no Barueri?

P: Todos, desde que cheguei aqui, graças a Deus só tive vitórias, e espero que esse ano que o clube voltou para Barueri, à gente possa voltar novamente essa alegria de vitórias e dar essa conquista ao Barueri para a série A novamente.

LADO B SP: Você teve alguma decepção aqui no Grêmio Barueri?

P: Aqui é impossível falar pra você que eu tive uma decepção, só tive alegrias aqui. Estamos passando por um momento difícil, novamente o clube voltou para cá e está meio difícil de montar um time, muito na correria, mas a gente tem certeza que esse time vai dar muita alegria ainda, tem bastantes jogos. Mas a minha decepção foi ter ido para o Vitória agora e não jogar, infelizmente no começo do Paulista, essa é uma grande decepção minha.

Nota: O jogador disputava o Paulista pelo Linense e se tranferiu para o Vitória. Sem atuar no time baiano, pediu para voltar ao Linense, onde participou das rodadas finais do estadual. Antes de retornar ao Barueri, em maio, ainda disputou um jogo pelo Jaboticabal para comemorar os 100 anos do clube que o revelou.

LADO B SP: Qual título ou gol que marcou para você?

P: Foi na série A2 em 2006, porque estava perdendo de 1x0 para o Guaratinguetá no segundo tempo, aí o Everton, que foi para a Holanda, empatou e aos 38 ou 40 minutos eu fiz o gol da vitória. Se empatasse a gente não subia para a Série A1 do Paulista, e conseguimos fazer esse gol no finalzinho e dar o acesso ao Barueri no Campeonato Paulista.

LADO B SP: Como é ser o artilheiro e o ídolo do Barueri?

P: Graças a Deus eu sempre fui bem respeitado em Barueri, e isso me da muita confiança de entrar em campo e mostrar o meu trabalho. Eu fiz 138 gols aqui no Barueri, então é isso que faz com que eles me respeitem e me torne o ídolo do clube, e espero fazer muito mais, porque eu prometi que vou encerrar minha carreira aqui e, espero, com mais alegria e não com derrotas.

LADO B SP: Qual seu ídolo no futebol?

P: Ronaldo (Fenômeno)

LADO B SP: Como se lida com apelidos?

PEDRÃO: Apelidos, se você não gosta dele ai que pega mesmo, como no meu caso (risos). Quanto mais eles me chamavam de Pedrão mais eu ficava bravo e infelizmente é assim mesmo.

LADO B SP: O que a profissão representa na sua vida e qual a importância?

Pedrão (de costas), marca contra
o Corinthians pelo Paulistão 2009

PEDRÃO: Eu não tinha expectativa nenhuma de ser jogador de futebol. Até os 21 anos eu era servente de pedreiro, jogava amador no Jaboticabal. Aí o treinador do time me arrumou para eu fazer o teste no profissional, fui e me dei bem. Passei no teste e dalí em diante eu gostei e falei: "Ah eu vou investir nessa carreira que quem sabe isso aí pode me ajudar no futuro". E me ajudou, como toda a minha familia que depende muito de mim, então isso aí me dá muita força para trabalhar e jogar mais uns 3 ou 4 anos.

LADO B SP: E sobre propostas para times de fora, você almeja em jogar em algum time da Europa, por exemplo?

P: Hoje não. Hoje eu tenho 33 anos, se pintar alguma coisa é na Ásia ou nos países Árabes, mas na Europa não, é muito dificil, pois tenho 33 anos já, então espero fazer um bom campeonato aqui e encerrar minha carreira por aqui mesmo.

LADO B SP: O que diz sobre a classificação do Grêmio Barueri na tabela?

P: Pelo time que a gente tem, a gente não merecia estar na 15ª colocação. Temos um bom time, e infelizmente não estamos passando por um bom momento no futebol aqui em Barueri. Sabemos disso; Tem equipes piores, mas o futebol é assim. Assim como o time não esta numa fase muito boa, o atacante também passa por uma fase ruim. Isso aí é passageiro. Já já a bola bate na canela, volta a entrar e fazer o gol novamente. Isso aí já passei por várias vezes e não é hoje que isso vai me abalar.

LADO B SP: A má fase no campeonato é falta de comprometimento do time?

P: Acho que não, por tudo que se tem aqui, por tudo que eles oferecem pra gente, não tem como ter falta de comprometimento, não tem como. Eles fazem de tudo pra gente aqui subir na tabela, bicho bom, salário em dia, comida boa, tudo bom. Então a gente aqui não tem que reclamar de nada, é só trabalhar e tentar fazer os bons resultados que a gente está precisando.

LADO B SP:  Qual a sua expectativa para o futuro do clube?

P: A minha expectativa esse ano é voltar novamente o que a gente construiu aqui em 4 anos e que o Grêmio Prudente derrubou em 1 ano.

Nota: No período que esteve em Presidente Prudente, o clube foi rebaixado para a Série B do Brasileiro e para a Série A2 do Paulista.