segunda-feira, 22 de agosto de 2011

ENTREVISTA - Adhemar: "A minha vontade é de entrar em campo e chutar as faltas que acontecem"

*colaboração Ruben Fontes Neto


Adhemar posa com a camisa número 18, número usado por
ele na Copa João Havelange e no título paulista de 2004
Adhemar Ferreira de Camargo Neto, ou somente Adhemar. Atualmente com 39 anos, ele é um dos grandes responsáveis em levar o São Caetano do anonimato ao centro das atenções.

Em 2000, o Azulão ganhou destaque nacional ao vencer Fluminense, Palmeiras e Grêmio na Copa João Havelange e chegar à decisão contra o Vasco. A derrota na final não apagou o brilho da equipe e de Adhemar, artilheiro do torneio com 22 gols marcados.

Por causa desse grande destaque, Adhemar, na época com 28 anos, se transferiu para o Stuttgart, da Alemanha. Após uma temporada, ele retornou ao Azulão, onde participou da campanha que levou o time ao título do Campeonato Paulista em 2004. Depois de algumas aventuras no futebol asiático, retornou ao São Caetano, onde encerrou a carreira em 2006.

Em suas três passagens pelo clube, marcou 68 gols. É o maior artilheiro e ídolo da curta história de 21 anos do Azulão.

O Blog Lado B SP teve a oportunidade de entrevistar Adhemar, que falou do seu início de carreira, dos fatos marcantes no São Caetano e da atual situação do clube. Confira!

LADO B SP: Como foi seu início de carreira?

ADHEMAR: Eu comecei no juvenil da Saltense, em 1988. Fiquei em Salto cerca de dois anos. Saí e abandonei o futebol, pois fui prestar o serviço militar. Não dava para eu jogar futebol e servir o Exército. Terminando o serviço militar, em 1991, fui para o Estrela (de Porto Feliz) a convite de um amigo meu que era zagueiro. Joguei por uma temporada no juniores e no segundo ano subi para o profissional.

Adhemar comemora gol na campanha
da Copa João Havelange, em 2000
LADO B SP: Como chegou ao São Caetano?

A: No final de 1996, o São Bento ficou de comprar o meu passe por R$ 36 mil. Porém, a negociação não deu certo e uma pessoa que tomava conta das negociações e contratações do São Caetano me viu jogando e pediu o meu empréstimo.

LADO B SP: Quais as suas melhores recordações dos tempos de São Caetano?

A: As recordações são muitas, mas o que me marca era a amizade de todos do grupo, sem distinção. Desde o porteiro até o presidente, todos eram amigos de verdade.

LADO B SP: O gol no Maracanã, que eliminou o Fluminense da Copa João Havelange, foi o mais importante de sua carreira?

A: Sim. O mais importante e um dos mais bonitos. Pela distância e a situação que nos proporcionaria, de eliminar uma equipe maior, foi inesquecível. Acho também que esse gol foi um marco na história do São Caetano.

LADO B SP: Como se sente sendo o maior artilheiro da história do clube?

A: Muito gratificante, é um orgulho, mas foi suado conseguir esse feito (risos).

LADO B SP: Acredita que na época em que estava em destaque, merecia uma chance na seleção brasileira?

A: Poderia ter ido para a seleção se ficasse aqui no Brasil e tivesse mantido aquela fase de gols.
Adhemar (centro), pelo Stuttgart

LADO B SP: Já que tocou no assunto, comente sobre a sua passagem pelo Stuttgart, da Alemanha.

A: Acho que fui muito bem. Ajudei o Stuttgart a permanecer na 1º divisao com gols importantes. Eu cheguei numa situação em que o clube estava na lanterna do campeonato e precisávamos sair daquela situação. Eu fiz 11 gols em 14 partidas.

LADO B SP: O seu chute forte e preciso já foi comparado ao de Roberto Carlos. Qual era a sua técnica?

A: Minha técnica era tentar acertar o gol, pois a bola faz a variação dela, o goleiro falha, tem o morrinho e tudo mais. Se resume em colocar a força para acertar o goleiro, mas graças a Deus que eu na maioria das vezes errava o goleiro e aí saia o gol.

LADO B SP: Tem algum técnico que marcou sua carreira?

A: Sim. Jair Picerni. Foi uma pessoa que além de me treinar, me deu muitas instruções como pessoa. Ele achou o meu local de jogo.

LADO B SP: O que acha que mudou dos seus tempos de São Caetano para agora, em que o clube está na Série B, longe dos tempos de glória?

A: Por enquanto está na Serie B, mas quase na C e se não se reestruturar, vai sumir da elite do futebol. Tem que pensar em planejamento de médio e longo prazo, mas aqui no Brasil é complicado, pois só se vive de imediatismo.

LADO B SP: Qual a sua relação com os torcedores e com o clube?

A: É uma relação muito boa, tanto com os torcedores, com a cidade e com o clube. Quando se fala em São Caetano, todos se recordam de Adhemar, Silvio Luís, Serginho e Dininho. Isso é muito legal. Marcamos o nosso nome na história do clube.

LADO B SP: Como enxerga o atual momento do clube?

A: Triste saber que há tão pouco tempo engolíamos os times grandes em qualquer estádio e hoje somos isca deles. A minha vontade é de entrar em campo e chutar as faltas que acontecem. Eu sofro na torcida aqui de casa.

LADO B SP: E como um especialista em fazer gols, qual a sua opinião sobre os atuais jogadores do setor de ataque do Azulão?

A: Os jogadores tem muita qualidade, mas às vezes a fase do time não está boa e bate um desespero. A solução é colocar o coletivo na frente do interesse pessoal.

LADO B SP: Explique aquele fato curioso de ser convidado para se tornar kicker no futebol americano?

A: Foi uma situação curiosa. Eles se interessaram pelo meu chute, achando que iria me adaptar fácil ao novo esporte. Quase acertei, fiquei contente pelo convite, mas preferi ficar aqui na terrinha (Brasil). Agora, aposentado já há algum tempo, estou no peso dos americanos (risos).
Silvio Luiz e Adhemar na época
de comentarista da Bandsports

LADO B SP: E atualmente, o que o Adhemar está fazendo?


A: Agora eu estou trabalhando no meu projeto social, que se chama "Bom de Bola, Bom de Escola". Trabalhei por três anos como comentarista da "BandSports", mas decidi me voltar mais para o meu projeto.

LADO B SP: Explique um pouco sobre esse projeto?

A: Uma tarde fui em um terreno que eu tinha comprado aqui em Porto (Feliz), parei e pensei até em construir casas. Mais daí eu comecei a pensar que eu poderia beneficiar e melhorar a vida de algumas crianças, dar novas oportunidades. Posso incentivá-los a melhorar seu estudo, aliás, para frequentar o projeto é necessário ter média mínima de sete.

LADO B SP: Tem algum projeto para se assumir algum cargo no São Caetano? Seja como técnico, ou alguma coisa extra-campo?

A: Eu gostaria de um dia ser presidente do Azulão. Quem sabe...

Créditos das Imagens: Foto 1: www.futebolpaulista.com.br / Foto 2: Divulgação / Foto 3: www.globoesporte.com / Foto 4: www.silvioluiz.com.br

8 comentários:

  1. Muitoooo bom!!! O Adhemar era o cara!!! Poderia ter dado certo como Kicker!

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  2. Imagina esse bicho isolando uma bola oval! Seria realmente um bom Kicker!

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  3. Parabéns pela entrevista paixão!

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  4. Adhemar o canhão! "Minha técnica era tentar acertar o gol, pois a bola faz a variação dela, o goleiro falha, tem o morrinho e tudo mais. Se resume em colocar a força para acertar o goleiro". Devia ensinar os atacantes do Palmeiras finalizar ne!!!
    abçs

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  5. Excelente hein garoto...
    Meus parabéns....

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  6. Adhemar é idolo.. Quem que nunca jogou bola na rua e quando foi bater a falta falou: Adhemarrrrrrrrrrrr....?
    Jogou muito por lá. Ídolo.

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  7. Saudades dos tempos em que o Adhemar estava no Azulão... Nessa época não tinha um time grande que não tinha medo do São Caetano... Só lamento o Adhemar não ter jogado no meu Timão haha...
    Grande entrevista! Parabéns!

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